quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Da raiva

Licença-divórcio
e eu me entupo de texto

Era raiva. Gana irresistível de difamá-lo. Desejava com força que a vida dele fosse miserável e só sem mim. Que nas noites a lembrança da minha imagem o torturasse de saudades, de tesão, de arrependimento. E só por isso sabia que ainda o amava.

Argumentos, eu me armava deles para explicar os benefícios da separação. Achava que assim organizaria meu mundo. Achava que os argumentos polidos e coesos criariam verdade dentro de mim e que essa verdade estancaria aquele escorredouro de sangue poluído, aquela cólera.

Que engano. Cansei pessoas, amarguei em estagnação e na confusão das noites, dos vinhos, dos outros.
E tudo porque aquele tolo não pediu pra voltar.

Nos carros, nos parques, nos restaurantes, agora aquela forte impressão de que todos eram felizes, menos eu.

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(continua)

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