
As mulheres que conheço não se alienaram nas minas do corel, como quis ele quis dizer.
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As mulheres que conheço estão sangrando por aí. Enchendo absorventes; mulheres que se aglomeram nas filas das Defensorias Públicas para pedir auxílio a alimentar o pequeno chorante.
As gurias que conheço se torturam por que eles estão interessadíssimos nas formas da Melancia, entusiasmados com a nova estagiária da repartição, encantados com a aluna adolescente, ou não se esquecem da menina colorida da balada.
As mulheres que conheço estão enfurnadas em copas apertadas de suntuosos escritórios servindo café aos senhores doutores; estão nos hospitais sustentando a demanda de afeto dos pacientes, que os senhores doutores não têm tempo-paciência-talento para atender.
Carregando sacolas enormes, bolsas a tiracolo, a criança na outra mão, se equilibrando desgraçadamente em saltos altos que usam para ficarem elegantes e agradarem os olhares alheios dos monsieures.
Essas mulheres muito reais aguentam a cruel sutileza do assédio moral que o senhor doutor a impõe ao mirar com olhos bestiais suas carnes.
Algumas passam por sofríveis rejeições que se somatizam e maculam suas peles, colocam seus hormônios em total entropia. Os telefones simplesmente não tocam. E esperam, esperam a resposta, esperam a iniciativa do beijo, do pedido de namoro, de casamento, esperam o filho romper no meio de suas pernas, esperam ele chegar do boteco.
Mulheres que esperam a reabilitação da masculinidade. De tanto esperar, nunca descansam. A espera é tensa, não tem nobreza ou dignidade. A esperança, como disse Quintana, não passa de "um urubu pintado de verde."
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Como particularista abomino também essa minha generalização.
Nossa conversa terminou com a acusação de que sou feminista.
- Não sou feminista. Sou pela reabilitação da figura masculina: você tem algo que não tenho, e eu gosto e quero. Você me empresta?
- Se você manusear com cuidado é seu.
- Tava falando de dinheiro, mon cher.
Risos, muitos risos.
2 comentários:
Gostei do texto. Meio feminista, claro. Nao tem aí os bons pais, nem os caras apaixonados. Mas é sobre as mulheres. Devia falar tb das maes ausentes, das mulheres q traem, das irresponsáveis. Mas, feita essa observação, bom texto, diz coisas boas e, sim, reais. Só é meio parcial.
O final achei uma delícia. Isso de "algo q nao tenho, e eu gosto e quero". A resposta do cara (gente boa, generoso, hahahahaha) e a notícia q é sobre direito, kkkk, muito boa.
Mas q papo é esse de reabilitação da figura masculina?
Direito nao...
"Dinheiro".
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